17.11.07

Um pouco de lirismo, pelamordedeus!


Em um mundo cada vez mais seco (apesar da chuva que cai sem parar há dias e dias...), cada vez menos gentil, ainda é possível desejar bombons e flores? E que levantem do banco do ônibus para a senhora sentar? E se for um senhor? Não, este não é mais um libelo que pede educação e reclama que "no mundo moderno" ninguém mais tem tempo para nada, nem para ser bacana. Eu quero é lirismo. Aquele do Bandeira:


"Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. Diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o
cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas

Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de excepção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora
de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário
do amante exemplar com cem modelos de cartas
e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc.

Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare

- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação."

1 Comments:

Blogger Bruna_fb said...

ah liberdade...
qm não quer esse lirismo? algumas vezes duvido que ele tenha existido, como se fosse uma lenda urbana.
toda a loucura lírica está tão contida... até os loucos se reprimem, kd a graça do mundo?

5:01 PM  

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